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26-06-2004 19:36
Portugal Diário
Opus Gay não participou porque, pela primeira vez, «não foi convidada»
O calor que se sentiu hoje em Lisboa não chegou para aquecer a marcha do Orgulho Gay, que este ano teve escassa adesão e contou com críticas de alguns activistas à partidarização do desfile.
A Opus Gay não participou este ano na organização da marcha, ao lado de outros grupos de defesa dos direitos das lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBT) porque a associação, pela primeira vez, "não foi convidada".
"Não fomos convidados para nada", disse à Agência Lusa o dirigente da Opus Gay, António Serzedelo que participou mesmo assim no desfile "porque a marcha é de todos" e "merece ser celebrada independentemente das orientações políticas".
"O que nos divide são as bandeiras político-partidárias e o que nos une é a orientação sexual. Isto é um dia para todos e serve para comemorar o orgulho de ser gay", notou.
António Serzedelo afirmou que "a ILGA e outras associações estão ligadas ao Bloco de Esquerda" e que a Opus Gay não foi convidada para integrar a organização por ser "independente".
O responsável da Opus Gay entende que deve haver um envolvimento político associado a este tipo de comemorações, mas não partidário.
O dirigente do Bloco de Esquerda (BE) Miguel Portas e a deputada Isabel Castro dos "Verdes" responderam ao apelo dos organizadores para participar no desfile.
Miguel Portas resolveu estar presente porque se trata de "uma marcha pela afirmação da liberdade e igualdade de direitos".
O dirigente bloquista considerou que estas marchas tem de continuar a existir porque a discriminação "é um assunto que não está resolvido".
Miguel Portas criticou, por outro lado, a possibilidade do primeiro-ministro Durão Barroso deixar o cargo para se tornar presidente da Comissão Europeia, passando o testemunho a Santana Lopes, e exigiu a realização de eleições antecipadas.
"É a única solução que clarifica" uma situação que classificou de "ilegitimidade política".
A deputada dos "Verdes" Isabel Castro também desfilou na Avenida para "manifestar solidariedade" e chamar a atenção para a necessidade de garantir a não discriminação.
Elogiou a alteração ao artigo 13º, uma das "vitórias" hoje mais celebrada pelos activistas LGBT, e que ao fim de 12 anos permitiu expressar na Constituição Portuguesa o princípio da não discriminação em função da orientação sexual.
"Agora o importante é transportar isso para o quotidiano", frisou.
Miguel Vale de Almeida, antropólogo, professor universitário e activista pelos direitos dos homossexuais comentou, por seu lado, o muito que ainda é necessário mudar em termos legais, focando em particular a questão da homoparentalidade e o direito ao casamento.
Maria Ribeiro, da ILGA Portugal, falou de algumas novidades, entre as quais o associar das cores do arco-íris (um símbolo internacional dos homossexuais) às várias reivindicações em prol da igualdade de direitos.
Na marcha formaram-se alas vermelhas (pela aplicação do artigo 13º), laranja (pelo fim do artigo 175 que estabelece idades diferentes de consentimento para hetero e homossexuais), amarelas (a favor da educação sexual), verde (pela não discriminação em função da orientação sexual prevista no Código do Trabalho), azul (a favor do casamento) e lilás (em defesa da homoparentalidade).
A marcha do Orgulho Gay realizou-se pela quinta vez em Lisboa, este ano sobre o lema "Pela Diversidade. Contra a Discriminação. Também somos Europa".
A iniciativa contou com a colaboração de várias entidades:
ILGA Portugal, @t (Associação para o Estudo e Defesa do Direito à Identidade de Género), Clube Safo, Gayteenportugal, Não Te Prives (Grupo de Defesa dos Direito Sexuais), Panteras Rosa, PortugalGay.pt e Rede Ex-Aequo.
As celebrações prosseguem à noite com o 8º Arraial Pride, uma iniciativa da Ilga Portugal que se realiza no Parque do Calhau (Sete Rios/Monsanto).
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