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19-06-2004
Jornal Público
por Nuno Ferreira com Lusa
Local Lisboa
Santana Lopes disse ontem à Agência Lusa ter dado parecer negativo à realização da Marcha de Orgulho Gay, dia 26, na Avenida da Liberdade, por preferir estas iniciativas noutras zonas da cidade. A organização da marcha afirma que não tem que existir qualquer parecer da autarquia, que a autorização já foi dada pelo Governo Civil, que a PSP deu parecer positivo e que o desfile se vai fazer.
"Há uma orientação geral da Câmara de Lisboa para que na Av. da Liberdade só se realizem manifestações em datas muito especiais, como o 25 de Abril, ou então provas" desportivas, disse ontem aos jornalistas o presidente da Câmara de Lisboa.
Santana Lopes disse também ter transmitido o parecer negativo da autarquia ao Governo Civil, entidade que autoriza manifestações e desfiles na cidade. "Prefiro que seja noutras zonas, porque senão a Av. da Liberdade passava a vida a estar fechada. Também prefiro que não se utilize o Terreiro do Paço", afirmou o autarca, negando qualquer preconceito da parte do município: "Eu digo a estas organizações o mesmo que digo a outras que queiram utilizar a Avenida da Liberdade para desfiles".
Manuel Cabrais Morais, presidente da ILGA (International Gay and Lesbian Association) Portugal, diz não compreender as afirmações do presidente da autarquia: "Não percebo porque carga de água Santana Lopes se pronunciou sobre um evento que à luz da lei, o decreto-lei 406/74, é ao Governo Civil que compete autorizar. Mais a mais, tivemos uma reunião na câmara pouco antes dessas declarações e nada nos foi comunicado". A organização afirma que deu conhecimento à autarquia de um fax enviado pelo Governo Civil, no qual este especificava que o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa "não via inconveniente" na realização da marcha e que apenas era referida a possível necessidade da organização ter de pagar um eventual reforço de efectivos. "A única observação que tinhamos tido da câmara e já não é de agora, é que tivessemos atenção ao facto deste ano se realizar o Euro e podermos vir a ter problemas de segurança, só isso".
A marcha agendada para dia 26 tem como lema "Pela Diversidade. Contra a Discriminação. Também somos Europa". A organização espera mais de 2 mil participantes na iniciativa. Anteontem foi anunciado o apoio da CGTP-Intersindical, da Rede Lilás, de organizações de luta contra o racismo e de defesa da integração de imigrantes e da ATTAC (movimento internacional contra a globalização.
À noite, realiza-se o oitavo Arraial Pride, no Parque do Calhau, em Monsanto, com entrada livre, em que são esperadas cerca de 10 mil pessoas. O programa de comemorações do "orgulho gay" passa ainda pela realização de debates, encontros e jornadas em Lisboa e no Porto, acampamentos no Alentejo e pelo 8º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que poderá ter este ano uma extensão a Coimbra.
As iniciativas são organizadas pela associação ILGA PORTUGAL, pela @t (Associação para o Estudo e Defesa do Direito à Identidade do Género), Clube Safo, Gayteenportugal, Não Te Prives (Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais), Panteras Rosa, PortugalGay.pt e Rede Ex-Aequo.
http://jornal.publico.pt/publico/2004/06/19/LocalLisboa/LL01.html
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