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Juventude Popular Demarca-se das Declarações do Líder da Distrital do Porto
PÚBLICO/Lusa
sábado, 1 de Junho de 2002
Miguel Barbosa anunciou que ia pedir a proibição do desfile da Semana do Orgulho Gay
A Juventude Popular (JP), organização juvenil do Partido Popular, demarcou-se ontem das declarações do líder da distrital do Porto da JP, Miguel Barbosa, que anunciou que ia pedir ao Governo Civil que impedisse qualquer desfile no âmbito da Semana do Orgulho Gay. "Não é com desfiles ordinários que se consegue seja o que for", afirmou Barbosa.
Num comunicado que ontem fez distribuir, o líder nacional da Juventude Popular, João Almeida, informa que a "opinião pessoal deste dirigente [Miguel Barbosa] a ninguém mais vincula, não correspondendo em absoluto a qualquer tomada de posição da Juventude Popular quanto ao tema versado". O texto sublinha que a JP "é uma organização de matriz democrata-cristã, que tem a tolerância como valor fundamental da sociedade" e acrescenta: "Entendemos que o direito à manifestação faz sentido na medida em que não ponha em causa a ordem pública e o equilíbrio social".
Mais dura é a posição de Sérgio Vasconcelos, derrotado por Miguel Barbosa nas recentes eleições para a distrital do PP. Vasconcelos demarca-se das declarações do seu adversário e defende que ele deveria ser alvo de um processo que culmine na sua expulsão da Juventude Popular.
Não se ficam, todavia, por aqui, as reacções à tomada de posição do responsável distrital da Juventude Popular. O Grupo de Trabalho Homossexual do PSR desafiou o líder do PP, Paulo Portas, a esclarecer se a declaração de Miguel Barbosa é uma posição oficial do partido ou apenas "um momento de exaltação pessoal" daquele dirigente. Em comunicado, o PSR solidariza-se com o grupo "Nós", responsável pela organização da semana, e condena "as declarações preconceituosas e ignorantes" do líder da Juventude Popular.
Por seu turno, a "Não Te Prives", associação de defesa dos direitos sexuais, sediada em Coimbra, qualificou as declarações do novo líder da Juventude Popular (JP) do Porto como "discriminatórias e homófobas". Para Paulo Vieira, dirigente da organização, as declarações de Barbosa são "um ataque claro aos direitos da população homossexual".
Sublinhando que tais declarações atacam dois direitos sexuais - o da liberdade sexual e da autodeterminação sexual -, o responsável da associação adiantou, referindo-se à expressão "desfile ordinário" usada por Miguel Barbosa, que este proferiu "um discurso de ódio". "Desta forma se percebe quem é a extrema direita em Portugal, porque esta é a forma que a extrema direita europeia usa para tratar estas questões", sublinhou Vieira.
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