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Homossexualidade: líder da JP revela homofobia
Por JOANA DE BELÉM
sábado, 1 de Junho de 2002
O líder da distrital do Porto da Juventude Popular (JP) instalou a polémica. Miguel Barbosa aproveitou a noite da sua eleição para manifestar o repúdio relativamente às manifestações de carácter homossexual. A II Semana Cultural do Orgulho Gay, Lésbico, Transsexual e Bissexual do Porto, que tem início dia 14, foi o alvo das sua invectivas, referindo-se a um eventual desfile - que nunca esteve previsto neste evento - como "ordinário".
Miguel Barbosa considera a homossexualidade "uma doença que não é normal". Mas não se ficou por aqui, garantindo que tenciona pedir ao Governo Civil que impeça a realização de qualquer desfile. E acrescentou: "Não é com desfiles ordinários que se consegue seja o que for" e "a sexualidade de cada um é assumida na intimidade e no recato do lar".
As declarações de Miguel Barbosa incendiaram os vários grupos de trabalho homossexual do País e o próprio CDS/PP. O candidato derrotado nas eleições para a distrital, Sérgio Vasconcelos, exigiu ontem à direcção da estrutura política a expulsão de Miguel Barbosa pelas posições que tomou sobre a homossexualidade.
Na qualidade de ex-candidato e enquanto líder da concelhia de Gaia, Sérgio Vasconcelos manifestou a sua "total indignação" em relação às declarações de Miguel Barbosa: "É uma posição xenófoba, a qual não partilhamos", e, "se nenhuma atitude for tomada, é sinal de que a direcção está complacente com estes extremismos". Esta posição da concelhia de Gaia é também partilhada pelas estruturas de Baião, Felgueiras, Matosinhos, Marco de Canaveses, Paredes, Paços de Ferreira, Penafiel e Trofa.
César Figueiredo, do Grupo Nós - Movimento para a Liberdade Sexual, entidade organizadora do evento, garante que Miguel Barbosa "revela uma completa ignorância relativamente à programação". As "declarações homofóbicas" do líder da distrital da JP, diz César Figueiredo, deveriam ainda suscitar uma reacção de Paulo Portas, líder do CDS/PP. Esta opinião é também partilhada pelo Grupo de Trabalho Homossexual do PSR, para que seja esclarecido "se é uma posição oficial do partido ou apenas uma exaltação pessoal".
Miguel Rodrigues Pereira, organizador da Elektro Parade, que no ano passado reuniu no Porto milhares de pessoas de todas as tendências sexuais - tendo sido um dos pontos mais altos da programação da Capital Europeia da Cultura -, considera vital "repor a verdade dos factos, nomeadamente no que toca à assunção de doença", já que desde 1973 que a homossexualidade deixou de ser considerada uma patologia pela American Psychiatry Association e, posteriormente, pela Organização Mundial de Saúde.
O editor do site PortugalGay.pt, João Paulo, considera ainda estas declarações como "um delito de opinião" passível de processo judicial por "difamação ou ofensas morais".
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