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Portugal continua homofóbico...
O processo Casa Pia veio «abrandar o barco» em que navegava o movimento homossexual luso, por força da conotação errada, mas comum, entre homossexualidade e pedofilia, disse ontem um dos organizadores da «Porto Pride».
João Paulo, também responsável pelo «site» Portugalgay.pt, explicou que "muito do trabalho que o Fórum Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgenders estava a fazer teve de ser repensado depois do escândalo. Para o impulsionador do «Porto Pride», que ontem de madrugada encheu o Sá da Bandeira, "ser homossexual é ser igual a toda a gente, incluindo os pedófilos". A partir do momento em que a sociedade exclui os homossexuais, a única forma de os integrar é, segundo João Paulo, pela via da "discriminação positiva".
Apesar da crescente discussão pública em torno do tema, João Paulo considera que ainda é cedo para criar um partido homossexual em Portugal: "Devemos fazer pressão junto dos partidos já existentes", defendendo o fim da cultura "hipócrita. Tentámos criar uma equipa desportiva para disputar em 2006 os «Gay Games», mas todos recusaram participar, porque caso se assumissem a sua carreira estaria em perigo. O Porto 2001 foi outro evento em que se viram impossibilitados de participar, apesar de Roterdão, a outra Capital Europeia da Cultura, ter um gabinete específico para as questões homossexuais.
"Homofobia" é como o activista vê a actual situação, e o «Porto Pride» é, nessa matéria, uma espécie de pedrada no charco. Essencialmente participado por homens, homo e heterossexuais, o evento conta com mulheres como Laura de Meneses, lésbica assumida, que reconhece que o género feminino é em regra mais recatado na manifestação da sua condição gay: "Muitas mulheres vivem casamentos-máscara, porque o peso social da mulher é em muitos casos mais forte do que o dos homens. Já dormi com muitas mulheres hetero, de casamento assumido, e cada vez vejo mais frustração". Rui/Amália gostava de ter nascido mulher, mas é à noite, como artista de espectáculos de transformismo, que realiza o sonho: "Agora sinto-me bem como sou, homem de dia e mulher à noite. Sempre tive uma vida dupla". Esse facto valeu-lhe alguns episódios de discriminação, insultos e ofensas, que apesar disso não o levam a deixar de assumir que gosta de vestir "coisas bem provocantes. Costumam dizer que tenho corpo de toura".
Assumir...
Algumas bancas de venda de produtos distribuíam revistas de debate homossexual, assim como materiais de propaganda em defesa do sexo seguro ou do direito à liberdade sexual. Num cartaz, Batman e Robin de mãos dadas sob o título «És o meu herói», ao lado de outros que promoviam iniciativas gay por todo o País. Ao som de DJ, o Sá da Bandeira continuou noite fora a ribombar ritmos house, tecno e outros, cheio de gente disposta a assumir o que verdadeiramente é.
«Porto Pride» encheu Sá da Bandeira de homo e heterossexuais desinibidos
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